Migrantes?Alerta! Você pode sofrer a síndrome de Ulisses!
- Nadir Weller
- 31 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
FONTE:
Alicia Hernández @por_puesto
BBC News Mundo
Os migrantes podem passar por vários tipos de luto, mas certas condições podem causar a síndrome de Ulisses
Existem em todo o mundo cerca de 281 milhões de migrantes internacionais (3,6% da população mundial), segundo dados da ONU de 2020.
Os migrantes podem sentir-se como uma "planta monstruosa", com raízes a milhares de quilômetros de distância do caule e das folhas.
Crédito de todas as fotos do post @mesquitaivan Fotógrafo brasileiro na Alemanha https://www.facebook.com/mesquitaivan?mibextid=LQQJ4d
A fronteira entre a saúde mental e o transtorno
O psiquiatra espanhol Joseba Achotegui é secretário da Associação Mundial de Psiquiatria e trabalha com temas relacionados à migração. Ele começou a observar certas mudanças em 2002.
"As fronteiras foram fechadas, foram criadas políticas mais rígidas contra a migração, as pessoas deixaram de ter acesso a documentos e havia uma enorme luta pela sobrevivência", contou ele à BBC News Mundo — o serviço de notícias em espanhol da BBC.
Essa nova situação trouxe reflexos na forma como chegavam os pacientes para consultá-lo. "Estavam indefesos, assustados, não conseguiam seguir adiante", segundo ele.
Concretamente, ele observou que muitos migrantes que passam por situações difíceis apresentavam "um quadro de reação de estresse muito intenso, crônico e múltiplo". Achotegui deu a esse quadro o nome de "síndrome de Ulisses".
O psiquiatra esclarece que não se trata de uma patologia, já que "o estresse e o luto são normais na vida", mas salienta a peculiaridade da síndrome que deixa o migrante, novamente, em uma fronteira — não geográfica, mas psicológica, entre a saúde mental e o transtorno.

Luto migratório x síndrome de Ulisses
Normalmente associamos a palavra "luto" ao sentimento que surge após a morte de um ente querido. Mas os psicólogos relacionam o termo a qualquer perda sofrida pelo ser humano, como sair de um trabalho, a separação de um casal ou mudanças no nosso corpo.
"Cada vez que experimentamos uma perda, precisamos nos acostumar a viver sem o que tínhamos e adaptar-nos à nova situação. Ou seja, é preciso trabalhar o luto", explica a psicóloga espanhola Celia Arroyo, especialista em luto migratório.
Assim, o luto migratório está associado a essa grande mudança na vida de uma pessoa. Mas tem características que o tornam especial, já que é um luto "parcial, recorrente e múltiplo".

Parcial porque não é uma perda total, como ocorre com a morte de alguém; recorrente porque, como em qualquer viagem, pode ser reaberto com a comunicação com o país ou simplesmente olhando uma fotografia no Instagram; e múltiplo, porque não é só uma coisa que se perde, mas muitas.
Joseba Achotegui reuniu essas perdas em sete categorias.
A mais evidente costuma ser a perda da família e dos entes queridos. Existe também a perda de status social - algo que, segundo Arroyo, costuma ocorrer com a condição de migrante, mas se, além disso, "o país for xenófobo, surge uma grande adversidade".
Outro luto para o migrante é o da perda da terra: sentir falta, por exemplo, de uma paisagem montanhosa ou dos dias cheios de sol.
Some-se ainda o luto do idioma, que será mais forte nos casos de migração para um país onde se fala outra língua. Pode ser uma forte barreira, por exemplo, para trâmites burocráticos ou para mandar um simples correio eletrônico.
Existe também a perda dos códigos culturais. Ela pode representar algo simples como não ter com quem dançar uma música típica ou tomar uma bebida local do país de origem.
E, associada a essa perda, encontra-se a perda de contato com o grupo de pertencimento - aqueles com quem podemos falar nos mesmos códigos, que entenderão as nossas gírias e a forma de ver a vida.
A síndrome de Ulisses ocorre quando, além de precisar passar por estes lutos normais, o migrante enfrenta condições difíceis, segundo explica Achotegui.
Aguarde o próximo post aqui no site: ✅Estem vários fatores que podem estressar um migrante no país que o acolhe:
✅Fatores desencadeantes
✅O que pode acontecer e quando devemos estar alertas
✅O que fazer ou não fazer
✅O que os outros podem fazer
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Nadir Weller
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